10 REGRAS PARA O ESCRITOR DE FICÇÃO
10 REGRAS PARA O ESCRITOR DE FICÇÃO
Se for apenas para criar atmosfera, e não para mostrar a reação de um personagem ao tempo, você não deve se estender muito. O leitor terá a tendência de folhear adiante a procura de pessoas. Existem exceções. Se você é o Barry Lopez, que tem mais formas de descrever gelo e neve do que um esquimó, você pode relatar o clima por quantas páginas quiser.
Eles podem ser irritantes, especialmente um prólogo seguido de uma introdução que vem depois de um prefácio. Mas estes são normalmente encontrados em não-ficção. Um prólogo em uma novela é contextualização, e você pode colocar essas informações onde quiser [na história].
A linha de diálogo pertence ao personagem; o verbo é o escritor enfiando seu nariz [e se intrometendo]. Mas o verbo “disse” é menos invasivo do que resmungou, engasgou, advertiu, mentiu. Uma vez eu percebei Mary McCarthy terminando uma linha de diálogo com ”ela asseverou”, e tive que parar de ler para pegar o dicionário.
… ele admoestou gravemente. Usar um advérbio dessa forma (ou quase de qualquer outra forma) é um pecado mortal. O escritor está expondo-se imensamente, usando uma palavra que distrai e pode interromper o ritmo do diálogo.
Você não pode colocar mais de dois ou três para cada 100,000 palavras de prosa. Se você tem o dom de brincar com exclamações como Tom Wolfe, você pode usá-las como e quando quiser.
Essa regra não precisa de explicações. Eu percebi que escritores que usam “de repente” tendem a ter menos controle no uso de pontos de exclamação.
Uma vez que você começar a soletrar foneticamente palavras no diálogo, você não será capaz de parar. Observe a forma como Annie Proulx captura o sabor das vozes de Wyoming no seu livro de contos “Curto Alcance”.
No livro “Colinas Parecendo Elefantes Brancos”, de Ernest Hemingway, qual a aparência do “americano e a garota com ele”? “Ela tirou seu chapéu e o colocou na mesa”. Essa é a única referência de uma descrição física na história, e ainda assim nós vemos o casal e distinguimos cada um pelo tom da sua voz, sem o uso de nenhum advérbio.
A não ser que você seja Margaret Atwood e consegue pintar cenas com linguagem ou escrever paisagens no estilo de Jim Harrison. Mas mesmo se você é bom nisso, você deve evitar que descrições imobilizem a ação e o desenrolar da história.
Pense no que você pula durante a leitura de um romance: parágrafos grossos de prosa que têm muitas palavras. O escritor está [enchendo linguiça], talvez descrevendo mais uma vez o tempo, ou talvez mergulhando na cabeça do personagem; e o leitor ou sabe o que o cara está pensando ou não se importa. Aposto que você não pula os diálogos.
Minha regra mais importante é a que resume as 10.
Se soar como escrita, eu reescrevo.
Ou, se o uso correto da linguagem estiver no caminho, talvez ele deva ser ignorado. Não posso permitir que o que aprendi nas aulas de gramática e redação interrompam o ritmo da narrativa. Essa é minha tentativa de permanecer invisível, não distrair o leitor da história escrevendo o óbvio.
Se escrevo cenas sempre do ponto de vista de um certo personagem – aquele cuja perspectiva dá mais vida para a cena – posso me concentrar nas vozes dos personagens dizendo ao leitor quem eles são, como eles estão se sentindo em relação ao que eles estão vendo e ao que está acontecendo, enquanto eu permaneço invisível.