7 MOTIVOS QUE FAZEM O LEITOR DESISTIR DE LER
Abaixo, alguns dos motivos do meu desinteresse em algumas das histórias.
Alguns textos pareciam mais preocupados em demostrar o extenso vocabulário e as habilidades sintáticas do escritor do que em contar uma história. Em alguns casos, ficou evidente a precisão cirúrgica com que algumas frases foram construídas. Sobrou gramática, faltou emoção. Não é coincidência que alguns dos escritores selecionados para receber as consultorias comentaram que escreveram guiados mais pela suas intuições.
Dica: Leia o seu texto em voz alta. Certifique-se de que você não está usando linguagem rebuscada porque acredita precisar ser solene ao escrever. Estude possibilidades de narrar a história usando expressões menos pomposas.
Algumas histórias não tinham um tema definido. Ainda que houvessem personagens enfrentando conflitos, essas narrativas pareciam mais divagações sobre a vida disfarçadas de ficção. Os escritores pareciam não saber claramente o que queriam comunicar com suas palavras, e tentavam compensar a falta de conteúdo com frases forçadas e metáforas pobres.
Dica: Tenha consciência do que você está tentando comunicar com sua história. Foque a narrativa em um tema específico, e use-o como guia para decidir quais informações e detalhes devem ser incluídos no texto, e o que deve ficar de fora.
Quando as primeiras linhas de uma história eram meras divagações genéricas sobre o tempo, o cenário ou um personagem, eu precisava fazer um esforço extra para continuar a leitura. Em muitos casos, não passei do terceiro parágrafo porque não me senti compelido a saber o que aconteceria na sequência. Se sua história é genérica, a reação do leitor será genérica.
Dica: Seja específico em suas descrições. Desde o início da história, apresente detalhes peculiares sobre o cenário, os personagens e o conflito da narrativa. A ideia é despertar perguntas intrigantes e provocadoras na mente do leitor.
Em muitas das histórias enviadas, havia parágrafos e mais parágrafos com descrições cujo único objetivo parecia ser preencher a página, já que tais informações não acrescentavam nada de valor às narrativas. Qualquer informação incluída em um texto deve ter um objetivo específico. Contextualizar o universo ficcional, complexificar um personagem, estabelecer o tom de uma cena, despertar identificação com o protagonista, criar tensão no enredo, etc.
Dica: Certifique-se de que cada frase incluída nos seus textos é realmente importante e indispensável para o leitor entender a história, e se envolver com os dramas dos personagens.
Nunca considere um texto como pronto sem relê-lo pelo menos uma vez. Algumas histórias pareciam mais rascunhos do que textos finalizados. Frases mal construídas, parágrafos repetitivos, uso incorreto de vírgulas e pontos finais que atrapalhavam a leitura. Esse tipo de erro distrai o leitor do que realmente importa: a história.
Dica: Colocar suas ideias na página é apenas o primeiro passo. Todo texto precisa ser editado e revisado antes de ser disponibilizado para leitura. Invista, no mínimo, o mesmo tempo que você levou para escrever um texto na sua edição.
Depois de parágrafos e mais parágrafos, tudo ainda parecia estar em perfeito equilíbrio em algumas histórias. Ótimo para os personagens, entediante para os leitores. Não estou dizendo que carros precisam explodir, amantes precisam se esfaquear, ou monstros precisam atacar.Conflitos não precisam ser tão dramáticos. O importante é criar um certo estranhamento ou clima de tensão no início da história, despertando curiosidade sobre o que vem pela frente.
Dica: Deixe o leitor inquieto, ansioso ou curioso já nas primeiras linhas da história. Ofereça explicações e informações incompletas sobre certos acontecimentos, incentivando a leitura dos próximos parágrafos.
Muitas histórias desperdiçaram oportunidades de mostrar ao leitor a delicadeza de um atributo físico de um personagem, ou a peculiaridade de um comportamento trivial. Qualquer um pode descrever alguém feliz dizendo “o sorriso iluminava seu rosto” ou “ele pulava de alegria”. Procure por formas únicas e particulares de personificar os sentimentos e ações de cada personagem.
Dica: Tudo o que o leitor enxerga são palavras na página. O seu trabalho como escritor é organizá-las de forma a criar imagens vívidas que deem vida à história. Encontre um balanço entre o que você conta e o que você mostra nos seus textos.