RAZÃO E PAIXÃO
A tua alma é muitas vezes um campo de batalha, em que a tua razão e o teu julgamento estão em guerra contra a tua paixão e o teu apetite.
Pudesse eu ser o pacificador da tua alma e transformaria a discórdia e a rivalidade dos teus elementos numa união e melodia.
Mas como o poderia fazer, a menos que tu também fosses pacificador, amante de todos os teus elementos?
A tua razão e a tua paixão são o leme e as velas da tua alma navegante.
Se tu navegares e as velas se partirem, só poderás andar à deriva ou ficar imóvel no meio do mar.
Pois a razão, só por si, é uma força confinante; e a paixão, não controlada, é uma chama que arde provocando a sua própria destruição.
Por isso deixes a tua alma exalar a tua razão até ao auge da paixão, de forma a poder cantar;
E deixes que ela oriente a tua paixão com razão, de forma a que a tua paixão possa viver através da sua ressurreição diária, e, qual fénix, renascer das próprias cinzas.
Eu comparo o teu julgamento e o teu apetite com dois hóspedes queridos que recebes na tua casa.
Com certeza não irás favorecer um mais que o outro; pois aquele que o fizer perderá o amor e a confiança dos dois.
Entre as colinas, quando te sentas à sombra fresca dos brancos álamos, desfrutando da paz e serenidade dos campos e prados distantes deixes o teu coração dizer silenciosamente: "Deus repousa na razão".
E quando vier a tempestade, e o vento forte assolar a floresta, e a trovoada e os relâmpagos proclamarem a majestade do céu, deixes que o teu coração diga: "Deus move-se na paixão".